sexta-feira, 5 de junho de 2015

Toque a reunir!

"Escrevo este post sob os escombros da notícia que me apanhou de surpresa. Talvez não o devesse fazer, porque há uma poeirada que não me deixa ver tudo com clareza e, sobretudo, dói-me a cabeça dos tijolos que me caíram em cima, mas estou vivo e apetece-me gemer."

Eu tinha começado este post assim, ontem. Ainda escrevi mais umas coisas, mas estava a ser realmente doloroso e acabei por interromper o sofrimento. Entretanto, a poeira assentou, foram-se conhecendo mais alguns pormenores... e fui percebendo, mesmo atordoado, que tinha razão desde o início: eu não devia ter feito o post.

Abandonei a tese do "erro histórico", que foi a minha primeira leitura dos acontecimentos. Percebi mais tarde que não demos um "tiro no pé" e que fomos, antes, alvo de um golpe que veio sendo urdido há algum tempo.

É um golpe que me faz recordar o defeso de 93. Lembro-me bem da euforia lagarta que tenho cristalizada na memória com um sorriso imbecil de Sousa Cintra. Lembro-me das rescisões que iam chegando por fax e da cerejinha no topo do bolo que foi a chegada de um patrocínio às camisolas chamado Faxe. E lembro-me sobretudo de como isso acabou: com um 3-6 em Alvalade que nos valeu o título. Riu melhor quem riu no fim. A justiça poética que sempre acompanha as forças do bem.

Hoje sinto-me restabelecido do choque. Hoje sinto-me ansioso por que a época comece logo para lhes esfregar a Supertaça na cara de modo limpinho, limpinho. Hoje sinto-me com uma vontade louca de me alistar e combater o inimigo histórico. Se não fosse sócio, estaria neste momento a inscrever-me.

Não era vivo em 1908, mas sinto isto também como uma reedição da rapina desse ano, quando os endinheirados viscondes nos levaram quase duas mãos cheias de jogadores. Um século depois, vejam como são as coisas: somos o maior clube do mundo, e eles estão à beira de acabar. Ainda haveremos de participar num peditório para que não acabem nunca, porque nos fazem rir muito.

Vieira foi traído por alguém que era dos nossos e que quis passar-se para o outro lado. Quando isso acontece, não há culpas próprias que se possam apontar. Não perderei um minuto a disparar para dentro, apoiarei o novo treinador quem quer que ele seja. Fui dos maiores fãs do cabrão que nos treinava, mas isto agora é uma guerra santa. Haveremos de crucificar Jesus com pregos feitos do metal da Supertaça, da Taça da Liga, da Taça de Portugal, do troféu de campeão e de qualquer caneco europeu. Até da Taça de Honra! Porque isto agora é uma questão de honra.

Como disse, apoiarei o novo treinador quem quer que ele seja. Mas o enredo deste filme está mesmo a pedir que seja Marco Silva. Julgo que não preciso de explicar porquê. A justiça poética haveria de gostar da escolha. Ah, e espero que Vieira deixe para mais tarde aquela ideia de desinvestir no plantel, é preciso armamento para a batalha. Carrega, Benfica!

1 comentário:

  1. Vermelho, volta! Houve justiça poética, houve muito do que foi escrito neste post, e muito mais que não foi escrito!
    Neste blog, mesmo não sendo dos mais reconhecidos, sempre se escreveu com muito benfiquismo, portanto repito: Vermelho, volta!

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